Graduado em História
Equipe Brasil Escola
Do ponto de vista
histórico, a organização do candomblé no Brasil está visivelmente próxima ao
processo histórico que resultou no espalhamento dos negros pelo território. Ao
longo dos séculos, a predominância e as experiências de diferentes agrupamentos
negros pelo país resultaram na formulação múltipla das religiões de influência
africana.
Paulatinamente, pela observância das diferenças na
forma do culto e na natureza das divindades adotadas, o candomblé brasileiro
foi sendo subdividido em diferentes nações. A definição de uma nação acontece
pela interação desenvolvida entre as diferentes experiências religiosas
trazidas da África. Nesse âmbito, a predominância das influências sudanesas ou
ioruba é um dos mais importantes referenciais no reconhecimento de nações
distintas.
Os ritos nagôs – que incluem, entre outras, as
nações ketu, ijexá, nagô egbá e xambá – valorizam o legado proveniente das
religiões do Sudão. Segundo os seus praticantes, o ritual nagô estaria dotado
de uma maior “pureza” e “originalidade” que as outras nações que aceitam a
presença de santos católicos. As nações pertencentes a este rito cultuam os
voduns, orixás, caboclos e erês. Além disso, utilizam atabaques tocados com
aguidavis e geralmente entoam canções em dialeto africano.
As nações ligadas ao rito angola ou candomblé de
angola são influenciadas pelos elementos ritualísticos das religiões bantas. Em
seus terreiros, os atabaques são executados com as mãos e os cantos são
marcados por um amplo leque de expressões em português. Aberto às experiências
religiosas cristãs e indígenas, esse tipo de ritual aparece com grande ênfase
em diferentes regiões do Brasil. No Rio de Janeiro ficou conhecido como
macumba; e na Bahia, candomblé de caboclo.
A pureza ou fidelidade junto às matrizes africanas
determinam uma disputa de legitimidade que encobre o desenvolvimento histórico
das nações do candomblé. Nenhuma prova documental, até hoje, sugeriu que as
religiões trazidas da África tenham sido fielmente preservadas pelos escravos
deslocados até o Brasil. O que de fato se observa é que várias pessoas de
ascendência não africana participaram da estruturação e do desenvolvimento do
candomblé.
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