Sacerdócio

Vou abordar um assunto muito complexo e delicado não só no sentido religioso como também no campo social, na verdade não tenho a intenção de julgar muito menos impor comportamentos no que é certo ou errado, mas dar a minha visão para que o leitor faça a sua avaliação.

Qualquer cargo que se ocupe no candomblé, o comportamento deve estar caminhando sempre ao lado do compromisso assumido, ou seja, dentro e fora do espaço sagrado do Terreiro, o pacto que se faz, primeiramente, é com a Religião, a Casa, o Orixá etc. Assim um sacerdote estará em equilíbrio, além de se abster de qualquer vicio principalmente no período de obrigações do Terreiro. No resguardo está uma das principais forças do eu interior de cada membro do candomblé, o axé, e os cargos principais da casa como: ogãs, ekedis, babá ou yá kekerê etc. deverão ser os primeiros a cumpri-los.

Vou exemplificar o caso dos sacerdotes Ogãs. È sabido de todos nós fazendo uma analogia com a religião católica que o seminário é a escola do sacerdócio dos padres. No candomblé também temos o nosso seminário que o aprendizado das cantigas no caso de alabês, toques diversos para o Ogã n’ ilu, as diversas formas de sacrifício para os Axoguns o conhecimento das folhas ao Babalossaim etc., ora se temos uma estrutura tão bem definida, só nos resta cumprir e estar consciente das responsabilidades pactuadas.

Detalhando mais, vejamos os atabaques, que são os instrumentos pertencentes à orquestra ritual do Terreiro, antes de mesmo de serem tocados eles passam por uma serie de rituais, pois são lavados com folhas sagradas, recebem o sacrifício de animais apropriados de acordo com cada orixá que eles irão representar, recebem padrinho ou madrinha, comidas secas são depositadas os seus pés ficam recolhidos dentro do quarto do axé, só após todo esse processo é que estarão estes instrumentos prontos para a sua função de: chamar os sagrados Orixás leva-los de volta ao Orum, ajudar através do som emitido por eles aos diversos trabalhos desempenhados pelo Terreiro e os Orixás. Ora, se por todo este processo de sacralização e magia os atabaques passam, imagine que aqueles que irão tocá-los também devem estar na mesma condição de resguardo e seriedade para num sopro mágico trazer todo axé para o engrandecimento e fortalecimento da nossa religião.

Estou certo que através deste ensaio posso dar uma pequena parcela de contribuição neste alerta para uma linha de conduta com mais eficiência para que possamos cada vez mais nos orgulhar do Candomblé a religião que tem na natureza o seu elemento base de sobrevivência, e através de sacerdotes com compromisso poderemos preserva - lá.

                                                      

                                                     CARLOS ALEXANDRE DE CAMILLIS
                                                    

                                                  Babalossaim – Ogã de Oxum (Odé Ominboium)
                                                  Responsável pela Sociedade Religiosa e Cultural
                                                  Ilê Axé Otá Odara, em Pedra de Guaratiba.
                                                  Fazendo parte hoje da Família Axipá de Salvador, omo
                                                  Nidia Maria dos Santos (YÁ DETÁ), Yá Badabarao do           
                                                  Ilê Axipá.
                                                                   

Um comentário:

Anônimo disse...

Como me disse o saudoso "Seu" Équio..." Existem os Ogans e os tocadores de tambor"...
Rafael Bittencourt